segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

"Sociedade na Europa"

Mais de um quarto das mulheres portuguesas que vivem em casal dependem exclusivamente dos rendimentos do marido ou companheiro. Em 40% dos casos, a dependência feminina é variável, havendo ainda algum grau de sujeição. Só em cerca de 25% dos casos existe equilíbrio nos rendimentos auferidos pelos dois membros do casal. Curiosamente, a situação dos casais portugueses mais jovens com filhos pequenos é muito diferente daquela a que se assiste no resto da Europa. Aí as mulheres não trabalham ou fazem-no em part-time. Em Portugal, elas continuam a contribuir para o sustento da casa.
Estes são os resultados de um estudo de Lina Coelho, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que analisou os Inquéritos aos Orçamentos Familiares (em 1994/95 e 2000) do Instituto Nacional de Estatística, para elaborar o retrato da "dependência económica das mulheres portuguesas que vivem em casal". O trabalho, publicado pela Oficina do Centro de Estudos Sociais, segue uma tendência de investigação europeia já com 20 anos. Em Portugal, reconhece a investigadora, "não se conhece este exercício". E mesmo este estudo "é uma primeira aproximação, porque o modo como os dados são recolhidos acautela pouco a divisão entre sexos. Mas o facto de termos conclusões consentâneas para os dois períodos dá alguma segurança".
Os casais de hoje: Uma das conclusões que realça deste trabalho diz respeito à situação peculiar, face ao panorama europeu, das mulheres com filhos pequenos. Se, por exemplo, nos países nórdicos, uma grande parte das mulheres jovens, tendo filhos, sai total ou parcialmente do mercado de trabalho, em Portugal, explica a investigadora, "não só não saem como muitas ingressam mesmo nessa altura". Uma situação que terá a ver com as políticas de apoio à maternidade seguidas nesses países, assim como a exigência parental face aos infantários e ATL onde podem deixar os filhos. "Portugal dispõe de uma rede significativa de apoio às crianças, mas, em alguns casos, o acolhimento providenciado seria considerado inaceitável noutros países europeus." Portanto, em alguns casos, a opção é entre ter filhos ou manter a carreira e o emprego. "Em Espanha e Itália, as taxas de fecundidade são baixíssimas porque as mulheres optam por não serem mães", afirma.
Fonte: DN, 21-1-2007

3 comentários:

Pipoquita disse...

Meu Deus, como este estudo está tão certo!!
Infelizmente, o casal depende quase 100% do rendimento do elemento masculino, pois a mulher para além de continuar a ganhar menos que o homem, não consegue conciliar o facto de ser mãe...

Ai este nosso país, faz-nos repensar se não valeria a pena emigrar...

Beijocas e parabéns pelo post, muito bem escolhido o tema!

Carla disse...

Muito bem....se calhar deveriamos emigrar , não???? ehehhe

jinhos

carla e miguel

Rita disse...

Era tão bom se as coisas fossem diferentes... mas não são e temos que fazer as nossas opções.

Eu, para puder ter 4 filhos, tenho que prescindir de muitas coisas mas não me importo... mas como já disse... são opções.

Beijinhos